Pterígio e Pinguécula

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O que são pterígio e a pinguécula? Pterígio e pinguécula são degenerações da sua conjuntiva que se apresentam como um crescimento anormal e excessivo da “pele” do olho, também chamada de conjuntiva.

[vc_row][vc_column][vc_column_text]O que são pterígio e a pinguécula?
Pterígio e pinguécula são degenerações da sua conjuntiva que se apresentam como um crescimento anormal e excessivo da “pele” do olho, também chamada de conjuntiva.

Qual é a diferença entre pterígio e pinguécula?
Ambas as condições são decorrentes do dano crônico de células da conjuntiva (fibroblastos) pela irradiação ultravioleta1-5, poeira6 e vento7, 8. Essas condições ambientais hostis levam os fibroblastos a produzir excessivamente um tecido fibroso que pode conter depósitos anormais de hialina, gordura e cálcio.9

A pinguécula é uma lesão elevada de coloração amarelada que se apresenta como um “carocinho” elevado em um dos cantos do olho, mais comumente no canto interno próximo ao nariz.10 Normalmente a lesão se limita a conjuntiva e respeita os limites da córneas, ou seja não há invasão.

O pterígio por sua vez consiste no crescimento de um tecido “carnoso”, avermelhado (muitos vasos sanguíneos) que pode inicialmente se apresentar ou se confundir com uma pínguecula.11 O tamanho do pterígio é variável e pode se limitar apenas a borda da córnea ou crescer sobre ela, interferindo na visão e provocando sintomas mais graves.12

Como evitar a pinguécula e o pterígio?
Se você tem ou já teve pinguécula ou pterígio, você pode evitar o seu avanço ou recorrência se protegendo dos principais fatores de risco:

– sempre use óculos escuros para proteger seus olhos da radiação UV, mesmo em dias sem sol ou nublados
– proteja seus olhos da poeira ou areia usando óculos comuns ou de proteção (se a sua ocupação lhe expõe a situações de risco ambiental, certifique-se com seu empregador a respeito do direito ao uso de EPI)
– use colírios artificiais para aliviar os sintomas sempre que sentir seus olhos ressecados ou irritados, ou antes de realizar atividades que sabidamente irritam seus olhos como banhos de mar, esportes aquáticos, ciclismo, motociclismo.

Como eu sei se tenho pterígio ou pinguécula?
O diagnóstico dessas condições é relativamente simples e qualquer oftalmologista recém-formado pode realizá-lo. No entanto, aos olhos leigos outras lesões de caráter maligno podem se confundir com o pterígio e pinguécula. 13-17 Em casos de dúvida diagnóstica alguns exames auxiliares podem ajudar a afastar a suspeita de malignidade: coloração por azul de toluidina18, citologia de impressão13, biomicroscopia ultrassônica19, 20 e a tomografia óptica de segmento anterior21, 22.

A conjuntiva deve sempre ser lisa, plana e de coloração esbranquiçada. Caso você note algum caroço ou elevação de um tom mais amarelo, procure seu oftalmologista para confirmar a suspeita de pinguécula.

Da mesma forma, a córnea que cobre a parte colorida do olho (irís) deve ser redonda, completamente transparente e lisa. Se há qualquer tecido avançando sobre ela, você também deve buscar atendimento oftalmológico.

Tanto o pterígio quanto a pinguécula podem apresentar quadros de inflamação que geram sintomas de intensidade leve ou até mesmo graves. São eles:

– vermelhidão e inchaço da conjuntiva (isso indica que a lesão está ativa e em crescimento)
– um ponto ou caroço amarelado no canto do olho
– ressecamento, coceira, ardência, sensação constante de areia ou de “cisco” nos olhos
– embaçamento visual

Tratamento da Pinguécula e do Pterígio
A maioria dos casos de pinguécula e pterígio não necessitam de tratamento. No entanto, se mesmo com as medidas de proteção você sente desconforto ou a sua visão está comprometida talvez você seja candidato a um tratamento mais agressivo.

Tratamento da Pinguécula
Colírios lubrificantes podem auxiliar no alívio dos sintomas, além de reduzir a irritação e vermelhidão. Em alguns casos mais graves, o uso de anti-inflamatórios por um período limitado (no máximo 3 semanas) pode acelerar a resposta ao tratamento.23, 24

Na vasta maioria dos casos de pinguécula, a cirurgia não é necessária e o uso regular dos colírios é o suficiente para aliviar os sintomas.

Tratamento do Pterígio
De maneira análoga a pinguécula, os sintomas e desconforto do pterígio podem ser controlados apenas com o tratamento clínico (lubrificantes ou anti-inflamatórios).23-27 Todavia, a cirurgia pode ser necessária nos casos com crescimento excessivo em que há comprometimento estético ou funcional – baixa visão por distorção da córnea (astigmatismo) ou obstrução do eixo visual.28

Existem diversas técnicas cirúrgicas para o tratamento do pterígio, mas apenas as técnicas mais recentes são eficazes em reduzir a taxa de recorrência da doença. Atualmente o padrão-ouro consiste na remoção do pterígio, recobrimento da área exposta com um pequeno enxerto de conjuntiva normal e a utilização de uma cola biológica para sua fixação.29 O uso da cola substitui a necessidade de suturas e resulta num aspecto estético superior, além de evitar o desconforto da retirada dos pontos em consultório.30, 31 O pequeno enxerto conjuntival, que é retirado do próprio paciente, ajuda a reduzir as chances do pterígio voltar a crescer – essa técnica demonstrou menos de 10% de recorrência comparado ao mais de 20% de recorrência, observada em outras técnicas.29, 32-34

É importante salientar que a chance de recorrência do pterígio é mais alta em pacientes jovens.35 Além disso, a recorrência também está associada ao tamanho do pterígio e aos mesmos fatores de risco da doença inicial.36, 37
Dessa forma, é importante levar em consideração o momento correto da cirurgia, bem como a manutenção dos cuidados para evitar a recorrência.

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